Homenagem a um Campeão


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Entre os anos de 1987 e 1990, Francisco Alves de Lima, militar e atleta, era o mais conhecido corredor do Estado do Rio Grande do Norte, vencendo a maioria das corridas que disputou, totalizando mais de 20 provas neste período.

Já tínhamos nos conhecido em algumas corridas de 5 e 10km como adversários e eu, ainda na categoria juvenil e Francisco Alves já consagrado na categoria adulta, levei a melhor o vencendo nos metros finais da prova, graças à uma boa velocidade que costumeiramente desenvolvia.

Alves, como o chamamos, iniciou sua carreira atlética em 1984 no quadro de recrutas da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte. Quando comecei a correr regularmente Alves já era um atleta referência principalmente para os iniciantes em corrida de média e longa distância. Sua primeira trajetória estendeu-se até 1990, quando aos poucos não conseguia mais fazer frente aos corredores jovens que surgiam em toda a região.

No mês de março de 1997, Alves me procurou para orientação técnica, onde juntos tentaríamos resgatar o seu brilho nas corridas que precocemente havia diminuído. Na ocasião ele estava com 35 anos de idade, 13 destes dedicados às corridas e uma capacidade aeróbica em 59,73 de VO2 máximo. Era um enorme desafio... Começamos a treinar e dois meses depois esta capacidade tinha elevado em 11%, ficando em 66,86.

Montamos juntos um planejamento para vários anos visando principalmente adaptações nos 42km da maratona, que era sua prova favorita. No seu planejamento incluímos treinos de: cross-training; interval-training curto, médio, longo e misto; circuit-training aeróbico e anaeróbico; treinos de LSD curto, médio e longo; fartleks; técnica de corrida; fortalecimento muscular geral e específico, onde sua dedicação e adaptação foram espetaculares. Aos poucos ele voltou a correr junto com os atletas mais jovens, competindo no mesmo nível e várias vezes os vencendo.

Em julho de 1997 ele correu a Maratona de Blumenau concluindo em 2h33min. Em setembro do mesmo ano participou do Troféu Norte Nordeste e fechou os 5km com 16’01” e os 10km em 32’50”. Já estava numa boa condição. Sua evolução continuou em 1998, quando venceu a Maratona do Recife com 2h37min e fez sua melhor marca no 5km do Troféu Norte Nordeste com 15’53”, atingindo neste período sua melhor capacidade de VO2 máximo com 68,0. No final de 1999 participou da Corrida Internacional de São Silvestre estabelecendo seu melhor tempo, 48’04” para os 15km (média de 3’12”/km), chegando na 31ª colocação geral e 1º da faixa por idade.

Decidimos fazer uma periodização específica para a maratona de Porto Alegre do ano 2000. Treinar na capital potiguar para provas longas é excessivamente desgastante. Com temperatura média anual em torno de 27°C e umidade do ar normalmente acima dos 70%, obriga os corredores a realizarem treinos em horários nada convencionais. Várias vezes os treinos longos foram executados às 4h da madrugada, minimizando o desgaste físico. Vida de corredor não é fácil, principalmente maratonista. Mesmo assim ele conseguia realizar excelentes treinos, por exemplo: repetições de 1000m para 3’03”; repetições de 3000m para 9’50”; rodagens longas à 3’40”/km.

Mas, a vida guardou mais um momento difícil ao nosso querido Alves. O falecimento de sua mãe no início do mês de abril/ 2000, a poucas semanas da maratona, o colocou no mais alto nível de stress emocional. No dia 16 de abril liderava a Corrida Tiradentes em Natal e nos momentos finais da prova a lembrança de sua mãe, que sempre gostava de suas corridas, o desconcentrou, perdendo a 1ª colocação. O jornal Tribuna do Norte relatou na foto abaixo: “Francisco Alves, vice-campeão da prova, correu chorando pela morte da mãe”.

Retomamos as atividades na semana seguinte e no dia 7 de maio lá estava o Alves na Maratona de Porto Alegre. Com uma energia surpreendente ele concluiu os 42.195m em 2h20min50seg, percorrendo a primeira metade da prova em 1h08min48seg (sua melhor marca na meia maratona) e a segunda em 1h12min02seg, ficando na 17ª posição geral e 3º na categoria, estabelecendo a melhor marca de um corredor potiguar para a distância, fechando nosso longo ciclo de planejamento com extrema competência.

Já com 39 anos de idade e bastante desgaste físico o corpo já tinha dificuldade de realizar as atividades com o mesmo desempenho e o objetivo no momento era prolongar sua trajetória.

Ainda no ano 2000 participamos da Corrida Internacional de São Silvestre com 49’00” (média de 3’16”/km), da dificílima Maratona dos Bandeirantes de Santa Bárbara D’oeste/SP à Campinas/SP com 2h34min29seg (foto abaixo) e da Maratona do Recife com 2h28min00seg.

Em 2003 na Maratona de Curitiba fechamos com 2h29min59seg e ainda nos 15km da Corrida Sargento Gonzaguinha em São Paulo com 50’43”.

Agora com 41 anos de idade ficava difícil permanecer treinando na mesma intensidade com objetivo de alto rendimento. O principal do momento era manter uma boa condição física.

Até os dias de hoje nosso Alves permanece correndo com pouquíssima carga de treino, buscando controle de peso corporal e condição física, bem longe dos volumes semanais que chegavam a 180km.

Um de meus maiores orgulhos foi ter conseguido aprender e conviver com esta pessoa maravilhosa e excelente corredor. Reerguê-lo foi uma das grandes vitórias.

Obrigado Alves!!!